São porta-panos de prato feitos com E.V.A. e argolas de acrílico.
Os nomes das mães foram escritos com tinta acripuff. As joaninhas são a marca do dedo polegar das crianças.
" Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos." O Pequeno Príncipe
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Sugestão para Dia das Mães
Fada (com molde)
Não se esqueça de que as cores são apenas uma sugestão. Estilize a fada, use sua criatividade e mude a cor do cabelo, da roupa,olhos... coloque gliter perolado nas asas. Seja feliz!
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Criança que morde: é assim que nasce a violência?
É assim mesmo. Mas na cabeça dos pais.
Texto de Nereide Tolentino
As primeiras manifestações de agressividade por parte da criança geram no adulto uma ansiedade muito grande. É que o adulto logo relaciona a agressividade com violência. Mal a criança de um ano e meio morde o filho do vizinho, a mãe conclui: ele vai achar que brigar é a solução. Quando, na verdade, isso nem passa pela cabeça da criança. Na grande maioria das vezes, ela apenas está querendo um determinado objeto e usando a sua combatividade para consegui-lo. É bom prestar atenção nessa palavra – combatividade.
Porque, no decorrer da vida, você vai encontrar muitos estudos sobre a agressividade como traço negativo na personalidade infantil. Agora, sobre a combatividade, que é canalização positiva da agressividade, você vai achar precisamente nada em livro nenhum.
E o resultado prático disso é que, com o medo de que a agressividade vire violência, não se trabalha a combatividade da criança. E depois você vê aí muita gente, especialmente dessa nova geração, com problemas de timidez, de iniciativa, de relacionamento. Jovens inseguros que diante dos obstáculos, ou ficam tímidos, caem fora, entregam barato ou então partem para o autoritarismo e querem resolver tudo rápido e na marra.
O fato é que, na nossa cultura, a agressividade é uma característica especialmente temida. Já em outras sociedades é um aspecto da personalidade muito trabalhado como condição para a criança ser forte mais tarde. Entre nós, é grande o pavor da violência, o que talvez possa até se explicar por toda uma conjuntura social e política que o país viveu. Essa ideia parece que se fixou na cabeça de muitos pais: e se meu filho for o marginal, o delinquente, o torturador de amanhã?
Se os pais, no entanto, mudarem a sua atitude ansiosa em relação à agressividade dos filhos, vão ver que a mordida, a briga pelas coisas, o xingar o outro podem ser percebidos até como indicadores do desenvolvimento.
Um outro indicador é que ela já tenha uma certa força interna para conseguir aquilo que quer. E o que ela quer nessa faixa de idade? É a água, é o brinquedo, é o alimento. E como ela manifesta as suas vontades? De um modo muito simples: indo na direção daquilo que ela quer. Ela ainda não sabe falar brinquedo, mas é capaz de identificar um carrinho e caminhar na direção dele. E aí pode acontecer que não é só ela que quer este carrinho. O companheiro ao lado também quer. Então ela vai usar a força de que dispõe para conseguir o brinquedo. E, nessa faixa, a sua força ainda é oral: ela morde o que interpõe entre ela e o objeto desejado.
Note que a criança não morde como adulto, brigando, morderia. O adulto escolhe onde morder. A criança morde onde pegar, na perna, na mão, no rosto. Ela morde o que está na frente e, na verdade, a mordida nem tem uma relação direta com o outro. Tanto que, mal o adversário começa a chorar, ela larga o brinquedo. Esta é uma atitude muito clara de não-agressividade em relação ao outro. Ela nem entende que doeu, nem por que o outro chora e até, assustada, é capaz de largar o objeto disputado.
Em casa ela não morde – Combater para conseguir o que quer: para sua formação, é fundamental para a criança saber que possui esta força – e esse direito. No entanto, veja a reação dos pais. O adulto já chega dizendo: viu, seu feio, você machucou o Ricardinho! Na verdade, intencionalmente a criança não fez nada disso.Mas, diante da reação do adulto, vai-se formando em sua cabeça: eu sou feio porque quis isso, então eu não devo lutar pelas coisas, tenho mais é que esperar que alguém me dê. E teremos aí uma criança desestimulada a batalhar pelos seus objetivos.
A mesma coisa acontece com outros poucos simpáticos indicadores de desenvolvimento. Como a birra, por exemplo. Em torno de um ano e meio de idade, a criança costuma se atirar no chão quando quer as coisas. Nessa faixa, é a única maneira de demonstrar sua força em relação ao que quer. E se atira no chão, bate o pé, esmurra uma porta. Joga sua força inteira contra aquele obstáculo que para ela é a força maior – o adulto. É a sua força naquela idade. Você já viu uma criança de cinco anos se atirando na rua para conseguir as coisas? Com um ano e meio, ela não só faz isso como não deve ser inibida no seu jeito de manifestar. A criança não é capaz de entender que você está inibindo apenas o seu jeito de se expressar. Ela sente que você está anulando é a força que ela está empregando para lutar pelo que quer.
É fundamental, portanto, que os pais entendam a linguagem da criança em cada fase do seu desenvolvimento. Só assim eles vão ajudar a criança a se expressar através de maneiras mais maduras e civilizadas. Muitos pais costumam se defender com a seguinte acusação: ah, mas aqui em casa ele não morde ninguém, só na escola. Ora, ele não morde porque não tem condições mesmo. Em casa, uma criança de um ano e meio vai disputar o brinquedo com quem? Com o pai é que não. Criança percebe logo a correlação de forças: com adulto ela usa a birra, só morde outras crianças. Você diz “não pode”, ela resmunga e se conforma. Na escola é que a disputa é de igual para igual. Ali ela morde e é mordida. Ali ela tem um campo para exercer a sua combatividade e, com isso, amadurece mais depressa. Mais depressa que um filho único, por exemplo. Numa família antiga, com seis, oito filhos, a criança tinha um universo naturalmente mais rico. Tinha com quem disputar o ovo que sobrava na mesa. Numa família moderna típica, ela às vezes nem tem com quem disputar nada.
Peça que ele empresta – xingar também pode ser outro fator de desenvolvimento. Chega uma fase em que a criança começa a responder para a avó, xingar a vizinha. Os pais, que sonham com um filho obediente e bem dentro dos padrões sociais, se preocupam: então ele vai crescer assim? Xingando todo mundo? Claro que não vai. Não é só porque ele xinga aos três anos que ele vai xingar todo a vida. Mas nessa fase é meio inevitável: ele descobriu a força da palavra. Descobriu que verbalmente pode expressar uma agressão de forma até mais eficiente que uma mordida. E vai repetindo palavras cujo significado nem entende – puta, merda, bobo. Ouviu por aí e sabe que contêm uma agressão.
E qual seria, para o adulto, a atitude mais indicada diante da mordida, da birra, da briga? Primeiro, é bom lembrar que a atitude do adulto é sempre em função da sua própria ansiedade, da expectativa social e não diante do entendimento do que realmente está acontecendo com a criança. Se o filho mordeu, a postura é uma. Se foi mordido, é outra. Pessoalmente, como educadora, minha reação nunca é do tipo: você não deve morder! Nem por isso vou ensinar que morder é ótimo. A melhor atitude é sempre aquela parte da compreensão da próxima fase do desenvolvimento da criança em matéria de expressão. Porque aí é possível ajudá-la a amadurecer para a etapa seguinte, mesmo sabendo que maturidade não é coisa que acontece de um dia para o outro.
Duas crianças, por exemplo, estão brigando por uma boneca. Uma puxa, outra puxa, uma morde e a outra abre o berreiro. Normalmente minha postura é a seguinte: olha, você não precisa morder, peça a boneca que ele lhe empresta. Amanhã ela vai chegar a pedir emprestado como eu sugeri? Claro que não. Se ela soubesse pedir, provavelmente teria pedido, não teria mordido. Mas, agindo desta maneira, eu estou canalizando: primeiro, a importância dela lutar pelo brinquedo e, segundo, a forma adequada de relação com o outro quando ambos querem a mesma coisa: o uso da palavra e a discussão democrática. Dependendo da idade da criança, pode-se até sugerir: você brinca um pouquinho e depois empresta pra ela.
Adianta falar? Adianta – Em geral, para mim é muito fácil. Porque eu intervenho sem nenhuma ansiedade em relação ao problema. É incrível, mas naquele minuto acaba o choro dos dois. Uma das crianças pega o brinquedo e vai brincar. Mas só pude acabar com a ansiedade gerada pela situação na medida em que eu mesma não estava ansiosa.
E olha que eu sei: amanhã aquela criança vai morder de novo para conseguir aquele brinquedo. Mesmo assim, é importante fazer com que ela desperte para a fase seguinte (verbal) sem ser inibida em estágio atual. No entanto, quando os pais falam e as crianças continuam na mesma, a conclusão é a seguinte: besteira falar, não adianta. Adianta muito. Só que se pode alimentar expectativas em relação a uma atitude para a qual a criança não tem maturidade ainda. A expectativa do pai é que está errada, não a criança. Ela ainda não tem os conceitos de peça, divida. Ela quer, vai em cima e morde quem se interpõe. Isso é básico para o adulto: ter consciência de onde a criança deve chegar e não querer que ele chegue lá antes da hora. Em cada fase, é saudável perceber como a criança está se valendo da força que tem no momento.
A mesma coisa com o choro. A criança quer uma coisa e já vai abrindo um berreiro. Você diz:não precisa chorar, a mamãe dá. Amanhã ela vai chorar de novo? Claro que vai. Por que é teimosa? Não, apenas porque ainda não sabe dizer: me dá água. Só por isso. Mas, ao ensiná-la a pedir, você está canalizando sua energia para a próxima situação. Um dia, em vez de chorar, ela diz me dá água e você vai ver que foi muito importante tê-la ajudado a descobrir a força da palavra. O problema é quando, já com cinco anos, a criança chora para pedir as coisas.
Aliás, quando você encontra um adolescente ou mesmo um adulto chantageando, chorando para conseguir o que quer, é sinal de que sua combatividade não amadureceu para as múltiplas manifestações possíveis: eles ainda estão na fase do choro da primeira infância. Tiveram provavelmente pais superprotetores ou francamente repressivos. Pais que se esforçam mais por dizer que era feio chorar pelas coisas e não se preocupavam em canalizar aquele choro para outras formas de combatividade.
Criança, mais fácil levar? – O importante também é que a atitude do adulto seja sempre coerente. Se a criança chora por uma faca que não pode ter, não pode mesmo. E dar o motivo: não dou a faca porque ela pode cortar o seu dedo, não precisa chorar desse jeito, pó que você não brinca com uma coisa que não tem perigo?E manter sempre essa mesma postura. A criança vai entender? Não. Mas aos poucos percebe que a negativa da mãe tem um motivo. Vai machucar, essa ainda não é uma razão muito clara para a criança. Mas de alguma forma ela vai entender que há uma razão. Que você não está negando por negar. Agora, se amanhã, para não ouvir mais um choro, você dá a faca, confunde tudo. Uma razão existe ou não existe. Vale ou não vale. Se pode dar, dê. Não pode, não dê. Nem hoje, nem amanhã, nem por bem, nem por birra.
A primeira infância é fundamental para a formação da personalidade. Muito pai diz que criança é fácil de levar. É fácil porque você é a força. Mas a força da criança existe. Se não for bem compreendida, respeitada, canalizada, vai estourar de um jeito torto na adolescência ou mesmo na vida adulta. O que não se aprende na primeira infância, só com muito esforço ou terapia para recuperar depois.
Porque, no decorrer da vida, você vai encontrar muitos estudos sobre a agressividade como traço negativo na personalidade infantil. Agora, sobre a combatividade, que é canalização positiva da agressividade, você vai achar precisamente nada em livro nenhum.
E o resultado prático disso é que, com o medo de que a agressividade vire violência, não se trabalha a combatividade da criança. E depois você vê aí muita gente, especialmente dessa nova geração, com problemas de timidez, de iniciativa, de relacionamento. Jovens inseguros que diante dos obstáculos, ou ficam tímidos, caem fora, entregam barato ou então partem para o autoritarismo e querem resolver tudo rápido e na marra.
O fato é que, na nossa cultura, a agressividade é uma característica especialmente temida. Já em outras sociedades é um aspecto da personalidade muito trabalhado como condição para a criança ser forte mais tarde. Entre nós, é grande o pavor da violência, o que talvez possa até se explicar por toda uma conjuntura social e política que o país viveu. Essa ideia parece que se fixou na cabeça de muitos pais: e se meu filho for o marginal, o delinquente, o torturador de amanhã?
Se os pais, no entanto, mudarem a sua atitude ansiosa em relação à agressividade dos filhos, vão ver que a mordida, a briga pelas coisas, o xingar o outro podem ser percebidos até como indicadores do desenvolvimento.
Um outro indicador é que ela já tenha uma certa força interna para conseguir aquilo que quer. E o que ela quer nessa faixa de idade? É a água, é o brinquedo, é o alimento. E como ela manifesta as suas vontades? De um modo muito simples: indo na direção daquilo que ela quer. Ela ainda não sabe falar brinquedo, mas é capaz de identificar um carrinho e caminhar na direção dele. E aí pode acontecer que não é só ela que quer este carrinho. O companheiro ao lado também quer. Então ela vai usar a força de que dispõe para conseguir o brinquedo. E, nessa faixa, a sua força ainda é oral: ela morde o que interpõe entre ela e o objeto desejado.
Note que a criança não morde como adulto, brigando, morderia. O adulto escolhe onde morder. A criança morde onde pegar, na perna, na mão, no rosto. Ela morde o que está na frente e, na verdade, a mordida nem tem uma relação direta com o outro. Tanto que, mal o adversário começa a chorar, ela larga o brinquedo. Esta é uma atitude muito clara de não-agressividade em relação ao outro. Ela nem entende que doeu, nem por que o outro chora e até, assustada, é capaz de largar o objeto disputado.
Em casa ela não morde – Combater para conseguir o que quer: para sua formação, é fundamental para a criança saber que possui esta força – e esse direito. No entanto, veja a reação dos pais. O adulto já chega dizendo: viu, seu feio, você machucou o Ricardinho! Na verdade, intencionalmente a criança não fez nada disso.Mas, diante da reação do adulto, vai-se formando em sua cabeça: eu sou feio porque quis isso, então eu não devo lutar pelas coisas, tenho mais é que esperar que alguém me dê. E teremos aí uma criança desestimulada a batalhar pelos seus objetivos.
A mesma coisa acontece com outros poucos simpáticos indicadores de desenvolvimento. Como a birra, por exemplo. Em torno de um ano e meio de idade, a criança costuma se atirar no chão quando quer as coisas. Nessa faixa, é a única maneira de demonstrar sua força em relação ao que quer. E se atira no chão, bate o pé, esmurra uma porta. Joga sua força inteira contra aquele obstáculo que para ela é a força maior – o adulto. É a sua força naquela idade. Você já viu uma criança de cinco anos se atirando na rua para conseguir as coisas? Com um ano e meio, ela não só faz isso como não deve ser inibida no seu jeito de manifestar. A criança não é capaz de entender que você está inibindo apenas o seu jeito de se expressar. Ela sente que você está anulando é a força que ela está empregando para lutar pelo que quer.
É fundamental, portanto, que os pais entendam a linguagem da criança em cada fase do seu desenvolvimento. Só assim eles vão ajudar a criança a se expressar através de maneiras mais maduras e civilizadas. Muitos pais costumam se defender com a seguinte acusação: ah, mas aqui em casa ele não morde ninguém, só na escola. Ora, ele não morde porque não tem condições mesmo. Em casa, uma criança de um ano e meio vai disputar o brinquedo com quem? Com o pai é que não. Criança percebe logo a correlação de forças: com adulto ela usa a birra, só morde outras crianças. Você diz “não pode”, ela resmunga e se conforma. Na escola é que a disputa é de igual para igual. Ali ela morde e é mordida. Ali ela tem um campo para exercer a sua combatividade e, com isso, amadurece mais depressa. Mais depressa que um filho único, por exemplo. Numa família antiga, com seis, oito filhos, a criança tinha um universo naturalmente mais rico. Tinha com quem disputar o ovo que sobrava na mesa. Numa família moderna típica, ela às vezes nem tem com quem disputar nada.
Peça que ele empresta – xingar também pode ser outro fator de desenvolvimento. Chega uma fase em que a criança começa a responder para a avó, xingar a vizinha. Os pais, que sonham com um filho obediente e bem dentro dos padrões sociais, se preocupam: então ele vai crescer assim? Xingando todo mundo? Claro que não vai. Não é só porque ele xinga aos três anos que ele vai xingar todo a vida. Mas nessa fase é meio inevitável: ele descobriu a força da palavra. Descobriu que verbalmente pode expressar uma agressão de forma até mais eficiente que uma mordida. E vai repetindo palavras cujo significado nem entende – puta, merda, bobo. Ouviu por aí e sabe que contêm uma agressão.
E qual seria, para o adulto, a atitude mais indicada diante da mordida, da birra, da briga? Primeiro, é bom lembrar que a atitude do adulto é sempre em função da sua própria ansiedade, da expectativa social e não diante do entendimento do que realmente está acontecendo com a criança. Se o filho mordeu, a postura é uma. Se foi mordido, é outra. Pessoalmente, como educadora, minha reação nunca é do tipo: você não deve morder! Nem por isso vou ensinar que morder é ótimo. A melhor atitude é sempre aquela parte da compreensão da próxima fase do desenvolvimento da criança em matéria de expressão. Porque aí é possível ajudá-la a amadurecer para a etapa seguinte, mesmo sabendo que maturidade não é coisa que acontece de um dia para o outro.
Duas crianças, por exemplo, estão brigando por uma boneca. Uma puxa, outra puxa, uma morde e a outra abre o berreiro. Normalmente minha postura é a seguinte: olha, você não precisa morder, peça a boneca que ele lhe empresta. Amanhã ela vai chegar a pedir emprestado como eu sugeri? Claro que não. Se ela soubesse pedir, provavelmente teria pedido, não teria mordido. Mas, agindo desta maneira, eu estou canalizando: primeiro, a importância dela lutar pelo brinquedo e, segundo, a forma adequada de relação com o outro quando ambos querem a mesma coisa: o uso da palavra e a discussão democrática. Dependendo da idade da criança, pode-se até sugerir: você brinca um pouquinho e depois empresta pra ela.
Adianta falar? Adianta – Em geral, para mim é muito fácil. Porque eu intervenho sem nenhuma ansiedade em relação ao problema. É incrível, mas naquele minuto acaba o choro dos dois. Uma das crianças pega o brinquedo e vai brincar. Mas só pude acabar com a ansiedade gerada pela situação na medida em que eu mesma não estava ansiosa.
E olha que eu sei: amanhã aquela criança vai morder de novo para conseguir aquele brinquedo. Mesmo assim, é importante fazer com que ela desperte para a fase seguinte (verbal) sem ser inibida em estágio atual. No entanto, quando os pais falam e as crianças continuam na mesma, a conclusão é a seguinte: besteira falar, não adianta. Adianta muito. Só que se pode alimentar expectativas em relação a uma atitude para a qual a criança não tem maturidade ainda. A expectativa do pai é que está errada, não a criança. Ela ainda não tem os conceitos de peça, divida. Ela quer, vai em cima e morde quem se interpõe. Isso é básico para o adulto: ter consciência de onde a criança deve chegar e não querer que ele chegue lá antes da hora. Em cada fase, é saudável perceber como a criança está se valendo da força que tem no momento.
A mesma coisa com o choro. A criança quer uma coisa e já vai abrindo um berreiro. Você diz:não precisa chorar, a mamãe dá. Amanhã ela vai chorar de novo? Claro que vai. Por que é teimosa? Não, apenas porque ainda não sabe dizer: me dá água. Só por isso. Mas, ao ensiná-la a pedir, você está canalizando sua energia para a próxima situação. Um dia, em vez de chorar, ela diz me dá água e você vai ver que foi muito importante tê-la ajudado a descobrir a força da palavra. O problema é quando, já com cinco anos, a criança chora para pedir as coisas.
Aliás, quando você encontra um adolescente ou mesmo um adulto chantageando, chorando para conseguir o que quer, é sinal de que sua combatividade não amadureceu para as múltiplas manifestações possíveis: eles ainda estão na fase do choro da primeira infância. Tiveram provavelmente pais superprotetores ou francamente repressivos. Pais que se esforçam mais por dizer que era feio chorar pelas coisas e não se preocupavam em canalizar aquele choro para outras formas de combatividade.
Criança, mais fácil levar? – O importante também é que a atitude do adulto seja sempre coerente. Se a criança chora por uma faca que não pode ter, não pode mesmo. E dar o motivo: não dou a faca porque ela pode cortar o seu dedo, não precisa chorar desse jeito, pó que você não brinca com uma coisa que não tem perigo?E manter sempre essa mesma postura. A criança vai entender? Não. Mas aos poucos percebe que a negativa da mãe tem um motivo. Vai machucar, essa ainda não é uma razão muito clara para a criança. Mas de alguma forma ela vai entender que há uma razão. Que você não está negando por negar. Agora, se amanhã, para não ouvir mais um choro, você dá a faca, confunde tudo. Uma razão existe ou não existe. Vale ou não vale. Se pode dar, dê. Não pode, não dê. Nem hoje, nem amanhã, nem por bem, nem por birra.
A primeira infância é fundamental para a formação da personalidade. Muito pai diz que criança é fácil de levar. É fácil porque você é a força. Mas a força da criança existe. Se não for bem compreendida, respeitada, canalizada, vai estourar de um jeito torto na adolescência ou mesmo na vida adulta. O que não se aprende na primeira infância, só com muito esforço ou terapia para recuperar depois.
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